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2021 - Salário mínimo: Dieese aponta que piso já perdeu R$ 62 em poder de compra com alta da inflação

Publicada em 15 de setembro de 2021

Está cada vez mais difícil suprir todas as necessidades mensais para quem ganha um salário mínimo, hoje fixado em R$ 1.100. Isso porque ele está perdendo poder de compra rápido ao longo do ano, conforme a inflação avança e torna itens do dia a dia mais caros.

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), o indicador oficial de inflação da baixa renda, já subiu 5,9% desde janeiro deste ano, numa das maiores altas para o período em duas décadas. Em oito meses, é mais do que a inflação de outros anos inteiros. Em 2020, por exemplo, o INPC foi de 5,5% e, em 2019, 4,5%.

Diante desse cenário, o salário mínimo, que foi reajustado pela última vez em janeiro, já perdeu R$ 62 de seu poder de compra, de acordo com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). Descontada a inflação, os R$ 1.100 de janeiro são o equivalente, hoje, a R$ 1.038.

Na prática, ter R$ 1.100 na mão, agora, compra o que custava R$ 1.038  em janeiro, na média.

Reajuste anual do salário mínimo

A Constituição Federal garante que o salário mínimo deve ser reajustado todo ano pelo menos para recompor a inflação do ano anterior. Esses reajustes são feitos pelo governo, geralmente em janeiro, e é normal que o salário mínimo vá perdendo um pouco de seu poder de compra conforme os meses passam e a inflação avança.

Ou seja, o piso nacional sempre chega ao fim do ano capaz de comprar um pouco menos do que comprava no início.

Como neste ano, porém, muitos itens começaram a ficar caros demais, essa mordida nos salários ficou mais rápida e mais intensa.

“A velocidade com que o salário mínimo vem perdendo poder de compra ficou muito rápida”, disse Ilmar Silva, economista do Dieese. “E, para uma pessoa que vive com uma renda de R$ 1.100, qualquer R$ 62 faz diferença, sim.”

Inflação maior para os mais pobres

Silva destaca, ainda, que a dinâmica atual da inflação está especialmente mais cruel para os mais pobres, que têm uma parte muito maior do salário comprometida com itens básicos da casa – justamente onde estão os maiores aumentos.

“A alta mais considerável aconteceu no grupo de alimentação, que é o que vai trazer a maior preocupação para as famílias de renda mais baixa. Cerca de 25% do orçamento deles é com alimentação”, disse.

Em 2021, considerado o acumulado entre janeiro e agosto, os preços dos alimentos nos supermercados subiram 4,7%, de acordo com os dados do INPC.

E, se 2020, os vilões foram o arroz e o óleo de soja, em 2021, são as carnes (+8,4%), o frango (+11%), a margarina (+15%) e o café (+17%) que também resolveram pesar no carrinho.

Além disso, a conta de luz sobe 10% só neste ano, o gás encanado já ficou 14% mais caro desde janeiro e, o botijão, 23%.

Também estão na lista a gasolina, que já subiu 30% e, o etanol, 40%. “Os combustíveis afetam menos a baixa renda, que não tem carro, mas acabam influenciando no preço dos alimentos e de uma série de outras coisas [pelo transporte]”, explica Silva.

Não à toa, a inflação da baixa renda está correndo na frente da inflação geral: enquanto o INPC, que considera a cesta de consumo daquelas que ganham até cinco salários mínimos, sobe 5,9% de janeiro a agosto, o IPCA, que é a inflação da população geral, sobe 5,7%.

 

Em 12 meses, o IPCA chegou a 9,7%, enquanto o INPC já passou dos dois dígitos e chegou aos 10,4% em um ano até agosto. Os dois indicadores são calculados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Fonte: Contábeis

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